domingo, 23 de agosto de 2015

Shu e Tefnut, Geb e Nut

Shu e Tefnut nasceram da vontade de Atum num de auto procriação, já que, apesar de ser uma entidade masculina, ele ainda possuía dentro de si a sua contraparte feminina original: Naunet.

Tefnut
Shu
As versões de como Atum criou seus dois filhos variam bastante. É dito que com um espirro ele criou Shu e depois botou Tefnut como se fosse um ovo. Essa versão faz trocadilhos com os nomes dos deuses. Outra versão diz que Atum se masturbou, sendo que a mão usada no ato representaria a parte de sua natureza feminina. Existem imagens mostrando Atum com o próprio pênis na boca formando uma variante do Ouroboros representando o ato de auto-procriação. Há ainda outros textos que dizem que ele casou-se com sua sombra, a deusa Iusaaset e que ela era a avó de todos os deuses. Também é dito que Atum-Rá retirou seu próprio coração e o atirou no ar onde ele se dividiu e formou seus filhos.

Shu é associado ao ar e aos ventos que era comumente representado usando uma coroa de penas de avestruz. Tefnut, sua irmã/esposa era associada à umidade e à chuva e era mostrada como uma mulher com cabeça de leoa.

Diz a lenda que, certa vez, Shu e Tefnut saíram para se aventurarem no espaço vazio e se perderam. Rá, preocupado, mandou seu olho para procurá-los. Quando eles retornaram, ficou tão feliz que chorou. De suas lágrimas nasceram os primeiros seres humanos.

Shu e Tefnut tiveram dois filhos: Geb e Nut.

Geb
Nut
Geb e Nut são os filhos de Shu e Tefnut.

Geb é associado à terra (matéria) e é representado às vezes como um homem com cabeça de serpente (criatura rastejante que possui propriedades terrenas), ou como um homem carregando um pássaro na cabeça, ou ainda como um homem deitado no chão sob Nut.

Nut é associada ao céu (espírito) em oposição à terra. Ela é representada, às vezes, como uma mulher com um hieróglifo sobre a cabeça que significa jarro de água.  ou como uma mulher enorme estendida sobre Geb.

Quando os dois se casaram, Atum temeu que seus futuros filhos pudessem querer tomar seu trono e proibiu que Nut tivesse filhos em qualquer dia do ano. Ela então ela foi procurar a ajuda de Toth.


Khonsu
Para ajudar Nut, Toth resolveu desafiar seu amigo Khonsu para um jogo de Senet.  

Khonsu era filho de Amon e Mut. Ele é representado tendo cabeça de falcão como Rá, mas, ao invés de usar o sol acima da cabeça, ele usava a Lua, astro com o qual ele é relacionado. Outras vezes era mostrado como um homem mumificado portando a lua na cabeça. É o deus do tempo. (A pronuncia de seu nome Khons ou Cons, mais tarde seria importada pelos gregos que o transformariam em Cronos, deus grego do Tempo.)

Toth apostou com ele: a cada partida que ele ganhasse, Khonsu deveria lhe dar um pouco de sua luz. Quando terminaram o jogo, Toth havia ganhado luz suficiente para fazer cinco dias e, como esses dias não faziam parte do ano, Nut pode usá-los para ter seus filhos: OsírisÍsis, Set e Néftis.

Nut (acima) e Geb (deitado no chão) separados por Shu.
Quando Atum soube disso ele ficou tão furioso que obrigou Shu a separá-los.

Então, o céu (Nut) foi separado da terra (Geb) pelo ar (Shu). Tefnut, sendo a esposa de Shu, é às vezes retratada ajudando seu marido a separa os dois. Ela é a umidade que permeia o ar entre o céu e a terra e se manifesta na forma de chuva. Em épocas de seca, dizia-se que Tefnut havia ido embora, ou que havia brigado com Shu.

A separação do céu da terra, naturalmente, não deve ser visto de forma literal. Neste contexto o céu é o espírito e a terra é a matéria. Nos poucos momentos em que espírito e matéria se uniram nasceram quatro dos principais deuses existentes, mas, a partir desse momento, todos os seres seriam obrigados a viver num universo onde espírito e matéria estão separados para pagar o "pecado original" que Shu e Tefnut cometeram ao contrariar as ordens de Atum.

Posteriormente os cinco dias que Toth havia ganhado foram adicionado aos 360 dias do ano que passou a ter 365 dias.



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