sábado, 5 de setembro de 2015

Enuma Elish - Tábua II

Tábua I<<Tábua II>> Tábua III

  1.  Tiamat reuniu todas as suas criaturas.
  2. E preparou-se para a guerra contra os deuses, seus filhos.
  3. Naquele momento Tiamat engendrava maldades para vingar Abzu.
  4. E veio ao conhecimento de Ea que ela estava se organizando.
  5. Ele informou-se sobre os detalhes da situação.
  6. Ea recolheu-se em seus aposentos e sentou-se imóvel.
  7. Após refletir sua fúria apaziguou-se.
  8. Ele foi encontrar seu ancestral, Anshar.
  9. Ea entrou na presença do pai de seu progenitor, Anshar.
  10. E contou a ele sobre os atos de Tiamat.
  11. "Anshar, Tiamat, nossa mãe criou grande ódio contra nós.
  12. Ela nomeou um comandante para sua campanha de fúria.
  13. Outros deuses juntaram-se a ela. 
  14. Eles planejaram maldades contra os deuses, seus irmãos.
  15. Eles [...] e ficaram do lado de Tiamat.
  16. Ferozes eram seus planos e eles estavam irrequietos.
  17. Urgiam pela batalha, rugindo e fazendo tempestades.
  18. Faziam provocações para ocasionar conflito.
  19. Mãe Hubur, que deu forma a todas as coisas,
  20. Supriu-os com armas invencíveis e criou serpentes gigantes e monstruosas.
  21. De dentes afiados e presas impiedosas.
  22. Com veneno em vez de sangue ela preencheu seus corpos.
  23. Os furiosos monstros-víboras ela revestiu de terror.
  24. Adornou-os com esplendor divino, deu-lhes imensa estatura.
  25. Ela disse: " Que aqueles que os contemplarem pereçam de pavor.
  26. Ide sempre em frente e nunca recuai."
  27. Ela criou a Hidra, o Dragão, o Herói Cabeludo,
  28. O Grande Demônio, O Cão Selvagem e o Homem-Escorpião,
  29. Ferozes demônios, o Homem-Peixe e o Homem-Touro.
  30. Eles portavam armas cruéis e não temiam a luta
  31. Seus comandos eram tremendos, nada podia resistir.
  32. Depois, da mesma forma, ela fez onze monstros.
  33. Dentre os deuses que eram seus filhos, aqueles que a haviam ajudado,
  34. Ela exaltou Kingu e o glorificou em meio aos outros.
  35. Para marchar na frente dos exércitos, para liderar as tropas.
  36. Para portar as armas, realizar campanhas, mobilizar o conflito.
  37. O comandante da batalha, Chefe Supremo.
  38. Nele ela depositou grande confiança e colocou-o num trono. Ela disse:
  39. "Eu proferi teu encantamento e o promovi a comandante dos deuses.
  40. O domínio sobre todos os deuses a ti eu confiei.
  41. Que sejas exaltado, meu esposo, e serás famoso.
  42. Que teu comando seja supremo entre os Anunnaki."
  43. Ela deu a ele as Tábuas do Destino. Em seus seios ela os segurou dizendo:
  44. "Teu comando nunca será desrespeitado e a palavra de tua boca será obedecida."
  45. Depois que Kingu havia sido exaltado e recebido o poder de Anu,
  46. Ele decretou o Destino dos deuses e seus filhos dizendo:
  47. "Que o comando de vossa boca derrote o Deus-Fogo!
  48. Que vosso veneno e vosso poder terminem com os conflitos."
  49. Anshar ouviu tudo isso e ficou profundamente perturbado. 
  50. Ele gritou e mordeu o lábio.
  51. Havia fúria em seu coração e sua mente não encontrava calma.
  52. Ele gritou para Ea e seu grito foi vacilante:
  53. "Meu filho, tu provocaste a guerra.
  54. Assume responsabilidade por tudo o que fizeste.
  55. Tu mataste Abzu.
  56. E Tiamat, a quem fizeste furiosa, não possui rival à altura."
  57. E, o Príncipe Sábio,
  58. O senhor da Sabedoria, o deus Ea-Nudimund,
  59. Com palavras de alento e tranquilidade na voz,
  60. Gentilmente respondeu a Anshar:
  61. "Oh, pai, mente profunda que decreta os destinos,
  62. Que tem o poder de criar e o poder de destruir.
  63. Anshar, mente profunda que decreta os destinos,
  64. Que tem o poder de fazer e o poder de desfazer,
  65. Quero dizer-te algo, por favor, acalma-te por um momento,
  66. E saiba que meus atos foram para o bem.
  67. Antes que Abzu fosse morto,
  68. Ninguém poderia prever a atual situação.
  69. E antes que eu desse fim a ele,
  70. Lembras qual era a situação que me obrigou a matá-lo?"
  71. Anshar ouviu as palavras e elas o agradaram.
  72. Seu coração relaxou e ele falou a Ea:
  73. "Meu filho, teus atos são dignos de um deus.
  74. És capaz de um golpe feroz e inigualável [...]
  75. Ea, teus atos são dignos de um deus.
  76. És capaz de um golpe feroz e inigualável [...]
  77. Vá até Tiamat e amorteça seu ataque.
  78. [...] sua fúria com teus encantamentos."
  79. Ele ouviu as palavras de Anshar, seu ancestral,
  80. E tomou seu caminho em direção a ela. 
  81. Ele foi e enganou todas as armadilhas de Tiamat.
  82. Ele parou perto dela, ficou em silêncio, e recuou.
  83. Ea retornou à presença do senhor Anshar.
  84. E humildemente falou a ele:
  85. "Meu pai, o poder de Tiamat é demais para mim.
  86. Eu percebi o que ela planejava e meu encantamento não é páreo para ela.
  87. Sua força é poderosa e ela está revestida de terror.
  88. Ela é realmente muito forte, ninguém pode enfrentá-la.
  89. Seu grito de guerra ainda é potente.
  90. Eu tive medo daquele grito e recuei.
  91. Meu pai, não percas as esperanças, manda outra pessoa contra ela.
  92. Embora a força de uma mulher possa ser grande, não pode igualar à de um homem.
  93. Desmantele suas cortes, destrua seus planos.
  94. Antes que ela venha nos pegar."
  95. Anshar gritou com imensa fúria.
  96. E chamou Anu, seu filho:
  97. "Honrado filho, herói, guerreiro,
  98. De força poderosa e ataque irresistível.
  99. Apressa-te e enfrenta Tiamat.
  100. Apazigua sua fúria e que seu coração possa relaxar.
  101. Se ela não der ouvidos a tuas palavras,
  102. Diz palavras de súplica e que seu coração seja acalmado."
  103. Ele ouviu as palavras de Anshar, seu pai progenitor.
  104. E tomou seu caminho em direção a ela. 
  105. Anu foi e enganou todas as armadilhas de Tiamat.
  106. Ele parou perto dela, ficou em silêncio, e recuou.
  107. Ele retornou à presença do senhor Anshar.
  108. E humildemente falou a ele:
  109. "Meu pai, o poder de Tiamat é demais para mim.
  110. Eu percebi o que ela planejava e meu encantamento não é páreo para ela.
  111. Sua força é poderosa e ela está revestida de terror.
  112. Ela é realmente muito forte, ninguém pode enfrentá-la.
  113. Seu grito de guerra ainda é potente.
  114. Eu tive medo daquele grito e recuei.
  115. Meu pai, não percas as esperanças, manda outra pessoa contra ela.
  116. Embora a força de uma mulher possa ser grande, não pode igualar à de um homem.
  117. Desmantele suas cortes, destrua seus planos.
  118. Antes que ela venha nos pegar."
  119. Anshar caiu em silêncio com o rosto no chão. 
  120. Ele acenou para Ea balançando a cabeça.
  121. Os Igigi e todos os Anunnaki fizeram uma assembleia.
  122. Eles sentaram-se num silêncio mortal.
  123. Nenhum deus iria enfrentar [...]
  124. Iria contra Tiamat [...]
  125. E Anshar, o pai dos deuses,
  126. Estava furioso em seu coração e não convocou mais ninguém.
  127. Um poderoso filho, o vingador de seu pai,
  128. Aquele que se adianta para a guerra, o guerreiro Marduk,
  129. Ea o chamou em seus aposentos particulares,
  130. Para falar-lhe sobre seus planos.
  131. "Marduk, escuta teu pai,
  132. És meu filho, e alegras meu espírito
  133. Vai e faz reverência diante de Anshar.
  134. Fala com ele, impõe-te, acalma-o com teu olhar."
  135. Bel alegrou-se com as palavras de seu pai.
  136. Ele aproximou-se e ficou na presença de Anshar.
  137. Anshar o viu e seu coração encheu-se de alegria.
  138. Ele beijou-lhe os lábios e removeu seu medo.
  139. "Meu pai, não te preocupes,
  140. Eu irei e cumprirei teus desejos.
  141. Anshar, não te preocupas,
  142. Eu irei e cumprirei teus desejos.
  143. Nenhum homem jamais deu ordens de batalha contra ti.
  144. E será Tiamat, uma mulher, que pegará em armas contra ti?
  145. Meu pai, progenitor, regozija-te e alegra-te.
  146. Logo pisarás sobre o pescoço de Tiamat.
  147. Anshar, progenitor, regozija-te e alegra-te.
  148. Logo pisarás sobre o pescoço de Tiamat."
  149. "Vai, meu filho, portador de todo conhecimento,
  150. Apazigua Tiamat com teu encantamento poderoso. 
  151. Dirige a carruagem tempestuosa agora mesmo.
  152. E derruba-a com um [...] que não pode ser repelido."
  153. Bel regozijou-se com as palavras de seu pai.
  154. Com alegria no coração ele falou a seu pai:
  155. "Senhor dos deuses, Destino dos deuses,
  156. Se hei de tornar-me vosso vingador,
  157. Se dei de derrotar Tiamat salvar-vos,
  158. Convoca a assembleia e declara para mim um destino exaltado.
  159. Sentai-vos todos alegremente em Upshukkinaku,
  160. E deixai que eu, com minhas palavras, decrete os destinos em vosso lugar.
  161. E o que quer que eu diga não poderá ser mudado.
  162. Nem meu comando poderá ser desobedecido ou alterado."

Tábua I<<Tábua II>> Tábua III

Nenhum comentário:

Postar um comentário