domingo, 6 de setembro de 2015

Enuma Elish - Tábua IV

Tábua III <<< Tábua IV >>> Tábua V
  1.  Eles prepararam um lugar suntuoso.
  2. Onde Marduk  se sentou diante de seus ancestrais para receber a coroação.
  3. Eles disseram: "Tu és o mais honrado entre os deuses,
  4. Teu destino será inigualável, teu comando equivale ao de Anu.
  5. Marduk, és o mais honrado entre os deuses,
  6. Teu destino será inigualável, teu comando equivale ao de Anu.
  7. De agora em diante tua ordem será obedecida. 
  8. O poder de exaltar e de rebaixar é teu.
  9. Tuas palavras são a segurança, ninguém pode rebelar-se contra teu comando.
  10. Nenhum dos deuses transgredirá os limites que estabeleceres.
  11. Os templos de todos os deuses serão teus.
  12. Que encontres morada onde seus santuários estão.
  13. Tu és Marduk, nosso Vingador.
  14. Nós o demos o poder sobre todo o Universo. 
  15. Tome teu lugar na assembleia e que tuas palavras sejam exaltadas.
  16. Que teu tiro nunca erre o alvo e que destrua teus inimigos.
  17. Bel-Marduk, poupa aquele que em ti confiar.
  18. E destrói aquele cujos pensamentos são maléficos."
  19. Eles fizeram uma constelação no céu,
  20. E a falaram a Marduk, seu descendente: 
  21. "Teu destino, Bel, é superior ao de todos os outros deuses,
  22. Teu comando trará aniquilação e criação.
  23. Que esta constelação desapareça com uma palavra tua.
  24. Com uma segunda palavra tu a farás reaparecer."
  25. Ele deu o comando e a constelação desapareceu.
  26. Com um segundo comando a constelação voltou à existência.
  27. Quando os deuses, seus ancestrais, viram o efeito de suas palavras,
  28. Eles regozijaram e o felicitaram: "Marduk é o Rei!"
  29. Eles lhe deram-lhe uma maça, um trono e um cetro.
  30. Deram-lhe armas invencíveis para oprimir seus inimigos.
  31. Eles disseram: "Vai e corta a garganta de Tiamat.
  32. E deixa que os ventos carreguem seu sangue e tragam a notícia."
  33. Os deuses ancestrais decretaram o destino de Bel-Marduk.
  34. E colocaram-no na estrada para o sucesso e prosperidade.
  35. Ele fabricou um arco e fez dele sua arma.
  36. Colocou uma flecha no lugar, colocou a corda no arco,
  37. Pegou sua clava e segurou-o em sua mão direita.
  38. Seu arco e alijava ele segurou de lado.
  39. Mandou trovão seguir em sua frente.
  40. E encheu seu corpo com línguas de fogo.
  41. Ele fez uma rede para entrelaçar as entranhas de Tiamat.
  42. Posicionou os quatro ventos de modo que ela não pudesse fugir:
  43. Vento Sul, Vento Norte, Vento Leste e Vento Oeste,
  44. Ele os posicionou com sua rede, os ventos que foram presente de seu pai, Anu.
  45. Ele criou o Vento Maligno, a Tempestade de Areia e a Tormenta,
  46. O Vento das Quatro Ondas, o Vento das Sete Ondas, O Vento Caótico, [...] o Vento.
  47. E mandou os sete ventos que havia inventado.
  48. Eles posicionaram-se ao seu lado para molestar as entranhas de Tiamat.
  49. Bel levantou a Tempestade Diluviana, sua grande arma.
  50. Ele cavalgava uma terrível carruagem feita de tormenta.
  51. Quatro cavalos ele havia prendido à carruagem.
  52. Destruidor, Impiedoso,  Pisoteador e Legião.
  53. Seus lábios abertos, seus dentes venenosos.
  54. Eles não conheciam o cansaço, eram reinados para ir sempre em frente.
  55. Em sua mão direita havia a fúria da batalha.
  56. Em sua mão esquerda havia a violência que oprimia os inimigos.
  57. Ele vestia uma túnica, a terrível capa de medo.
  58. E em sua cabeça ele usava uma aura de terror.
  59. Assim, Bel seguiu seu caminho. 
  60. Ele ficou cara a cara com a furiosa Tiamat.
  61. Ele preparou seu encantamento.
  62. Ele segurou em sua mão uma planta que combateria o veneno.
  63. E, então, os deuses de Tiamat posicionaram-se ao seu redor.
  64. Os deuses, seus irmãos posicionaram-se ao seu redor.
  65. Bel aproximou-se, seus olhos fixos na barriga de Tiamat.
  66. Ele observou os movimentos de Kingu, seu esposo.
  67. E enquanto olhava sua coragem diminuiu.
  68. Sua determinação vacilou.
  69. Seus ajudantes divinos, que marchavam a seu lado,
  70. Viram o guerreiro, seu comandante, e sua visão ficou escura.
  71. Tiamat proferiu o feitiço sem sequer virar a cabeça.
  72. De seus lábios saíram mentiras e falsidades.
  73. "[...]
  74. Em suas [...] eles decidiram por ti."
  75. Bel levantou a Tempestade Diluviana, sua grande arma.
  76. E atirou-a sobre Tiamat gritando as seguintes palavras:
  77. "Porque és tão agressiva e arrogante?
  78. Porque te empenhas em provocar guerra?
  79. Os jovem viviam na anarquia e causavam revolta entre os mais velhos.
  80. Mas tu, sua mãe, só sentia pena e desprezo.
  81. Kingu tu escolheste como esposo,
  82. E nomeou-o inadequadamente para o posto de Anu. 
  83. E para o rei dos deuses, Anshar, tu só criaste problemas.
  84. E o desespero se espalhou entre os deuses, meus ancestrais.
  85. Libera tuas tropas e arma-os com tuas armas.
  86. E nós nos enfrentaremos na batalha."
  87. Quando Tiamat ouviu isso,
  88. Ela ficou insana e perdeu a razão.
  89. Tiamat gritou ferozmente.
  90. E todos os seus membros inferiores tremeram sob ela.
  91. Ela estava recitando um encantamento,
  92. Enquanto os deuses da batalha afiavam suas armas de guerra.
  93. Tiamat e Marduk,faziam o mesmo,
  94. Juntavam suas forças e preparavam a batalha.
  95. Bel jogou sua rede e a embaraçou.
  96. Ele soltou o Vento Maléfico, seu guarda costas, na cara dela.
  97. Tiamat abriu a boca pra engoli-lo,
  98. Ela deixou o Vento Maléfico entrar e não pode fechar os lábios.
  99. E o vento feroz a fez baixar a barriga.
  100. Suas entranhas ficaram alongadas e ela abriu a grande boca.
  101. Ele atirou uma flecha e acertou seu ventre.
  102. Ele cortou uma fissura e rasgou suas entranhas.
  103. Ele a segurou e exterminou sua vida.
  104. Jogou seu corpo no chão e ficou em pé sobre ele.
  105. Depois que havia matado Tiamat, a líder,
  106. Seu exercito se espalhou, seus comandados dividiram-se.
  107. Seus ajudantes divinos, que ficaram ao lado dela,
  108. Tremeram e medo e partiram em retirada.
  109. [...] para salvar suas vidas.
  110. Mas eles foram cercados e foram impedidos de fugir.
  111. Ele os prendeu e quebrou suas armas.
  112. E eles ficaram enredados, caíram na armadilha.
  113. Esconderam-se pelos cantos, cheios de pesar.
  114. Suportaram a punição, cativos em sua prisão.
  115. As onze criaturas que haviam sido revestidas de terror,
  116. A multidão de demônios que iam como noivos ao lado dela.
  117. Ele colocou cordas ao redor deles e prendeu seus braços,
  118. E todo aquele exército ele esmagou debaixo de seus pés.
  119. E Kingu, que havia subido ao poder entre eles,
  120. Ele prendeu e colocou-o junto aos Deuses Mortos.
  121. Tirou dele as Tábuas dos Destinos, que não eram suas por direito.
  122. Lacrou-as com um selo e prendeu sobre o peito.
  123. Depois que o guerreiro Marduk havia prendido e matado seus inimigos,
  124. [...] o arrogante inimigo [...]
  125. Estabeleceu a vitória para Anshar contra seus rivais,
  126. E realizou o desejo de Nudimmud,
  127. Reforçou seu domínio sobre os deuses.
  128. Ele votou-se para Tiamat que estava derrotada.
  129. Bel posicionou seus pés na parte inferior de Tiamat.
  130. E, com sua clava impiedosa, esmagou seu crânio.
  131. Ele arrebentou suas artérias,
  132. E fez com que o Vento Norte carregasse seu sangue, levando as notícias.
  133. Seus ancestrais viram e encheram-se de alegria exultante.
  134. Eles trouxeram-lhe presentes.
  135. Bel descansou contemplando o cadáver.
  136. Ele dividiu o corpo de forma inteligente.
  137. Partiu-a em duas como um peixe seco.
  138. Esticou a pele para formar os céus,
  139. Para vigiar ele nomeou um guardião
  140. Instruído para não deixar que suas águas escapassem.
  141. Ele cruzou os céus observando o domínio celeste.
  142. E o ajustou para coincidir com Abzu, a morada de Nudimmud.
  143. Bel mediu o tamanho de Abzu
  144. E criou E-sara, a Casa do Universo.
  145. E na E-sara que construiu,
  146. Ele fez santuários para Anu, Enlil e Ea morarem.

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